Mrs. Dalloway é uma história peculiar e
incomum, totalmente diferente de todas as minhas outras leituras. Em sua
narrativa, a escritora apresenta não só a perspectiva de uma personagem principal,
a Clarissa Dalloway e o Septimus Smith, como também perpassa pela perspectiva
de diversos outros personagens que estão diretamente e indiretamente ligados em
sua vida.
Ao comentar sobre essa linha de pensamentos,
acredito na verdade que seja mais um fluxo de consciência sendo diluído entre
as páginas, e nos fazendo mergulhar em cada um, sem aviso prévio ou preparação,
vamos literalmente indo e vindo de várias constantes diferentes. O fato do livro
não ter capítulos, não ter uma parada na narrativa e nem sequer preparar o
leitor para uma mudança de ponto de vista do personagem, acaba dificultando um
pouco o processo da leitura.
O livro, exige muito da atenção contínua do
leitor, e muitas vezes me via perdida, sem saber se estava entendendo mesmo o
que estava acontecendo ou até de qual narrador estaria sendo revelado.
Ademais, é interessante observar que, a
história se passa em apenas um único dia, citando muitas vezes as horas exatas
de determinados pensamentos ou ações de quem estivesse narrando no momento.
Sobre o que observei é que Mrs Dalloway, é
uma história que a medida que lê, vai se acostumando com a escrita da autora, o
que me remeteu muito o meu primeiro contato com a escritura de José Saramago,
que também segue sua própria regra e o leitor que se vire pra entender.
CLÁSSICO! Além do mais, a Virginia Woolf tem uma escrita um tanto poética e
subjetiva, o que me lembrou consequentemente de Clarice Lispector.
Algo que observei, é que o livro traz a
representatividade feminina e da bissexualidade na personagem Mrs. Dalloway,
apresenta momentos que se mesclam com a vida da escritora, bem como entrega
críticas sociais da primeira guerra, sobre os traumas psicológicos que muitos
tiveram, e nos fazendo refletir sobre a necessidade do cuidado nos transtornos psicológicos.
Na verdade, há muitos momentos do livro que
pode nos levar a reflexão, mas não irei citar aqui porque seria muitos,
entretanto o que me chamou atenção foi a relação da vida superficial que
Clarissa vivia, de seus amores passados, e de festas, com a vida sofrida de
Septimus, sua depressão e suicídio que se tornam sem importância para os
outros. Como a morte pode ser representada em situações...
Concluindo, no geral foi uma leitura bem
difícil, pensava que não demoraria tanto para ler mas fiquei praticamente o mês
inteiro de Janeiro tentando continuar. Fiquei um pouco presa na história, amei
e fiquei surpresa em saber que Mrs. Dalloway sentia-se atraída por ambos os
sexos. Não imaginava isso em um clássico ainda mais escrito por uma mulher. Foi muito interessante, apesar de tudo. Recomendo, se gosta de se aventurar em
escritas diferentes e clássicos.