Minhas citações favoritas de Cartas perto do coração, de Clarice Lispector

25 dezembro 2025




Olá sonhadores! 

Durante esse segundo semestre de 2025, o livro que veio me acompanhando foi Cartas perto do coração, uma obra que apresenta a linda e poética amizade entre Fernando Sabino e Clarice Lispector através de cartas que comunicavam sonhos, medos, euforia, melancolia e desejos sobre a vida e a morte. 

E sendo sincera com vocês, depois de finalizar essa leitura eu fiquei com muita vontade de ter alguém para escrever cartas, o que me lembrou automaticamente do hobby atual de ter um amigo por correspondência, muito conhecido como penpal, recomendo fazerem uma busca depois sobre, parece ser bem divertido! (alguém se interessa em ser minha amiga por correspondência? 😄)

Então... chega de conversas e vamos para as citações que me chamaram mais atenção e viraram minhas favoritas?







Agora eu estou rindo, mas estava séria. Talvez estejam me achando excessiva, não faz mal, corro o risco e até perco.




Ainda é tempo de não ir, não tomar o avião, dizer que esqueci o principal, e o principal é ficar, ir para casa, ler um livro, conversar, dormir e esquecer. Mas vou.




Pode ter certeza de que não te esquecemos. Ainda ontem me lembrei muito de você porque um americano me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Serão daí mesmo os queijos suíços? Me escreva, Clarice, sou tão cínico que te peço para me escrever, me responder com a pontualidade e a prestreza que não tenho, contando tudo, suas aventuras e desventuras nessa poética Seminarstrasse.



Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula. Outro dia abri um livro de Erico Verissimo sobre literatura brasileira escrito aqui, mesmo na página em que ele fazia uma referência a você. Tenho sentido muita falta de seu livro que deixei no Brasil, para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar.




Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido cansaço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dormido muito pouco. Tenho xingado mmuito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena da Helena ter se casado comigo. Tenho tido dor de dente. Tenho certeza de que não volto mais. Tenho contado muito nos dedos. Tenho franzido muito o sobrolho. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar.




Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados. Estou com vontade de fumar e o meu cigarro acabou, estou com vontade de namorar de tarde numa pracinha cheia de árvores, estou com muitas saudades de mamãe.




Me escreva que responderei imediatamente. Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo...




Clarice Lispector é engraçada! Ela parece uma árvore. Todas as vezes que ela atravessa a rua bate uma ventania, um automóvel vem, passa por cima dela e ela morre. Me escreva uma carta de 7 páginas, Clarice.




Dei um ar de tristeza? não, dei um ar de alegria.




Viver afinal é questão de paciência.




É possível que estejamos sempre querendo dizer as mesmas coisas em línguas diferentes.




Não dizia nada e dizia tudo. Todos intimamente sabiam o que ele queria dizer.



A gente se angustia é por não saber intimimamente o que está fazendo. Perde-se tempo, e há muita coisa de utilidade imediata atualmente, esperando o nosso esforço.



Tenho uma grande, uma enorme esperança em você e já te disse que você avançou na frente de todos nós, passou pela janela, na frente de todos.



Você me dá uma impressão de segurança que me faz ficar boquiaberto.



Tenho mesmo medo de desistir e me entregar porque não sei o que virá daí. Até agora eu mesma me ergui sempre mas é um esforço muito grande e naturalmente estou bem cansada.



A solidão de que sempre precisei é ao mesmo tempo inteiramente insuportável.



Todo o mundo começou a reclamar, a dizer que queria ver o show e que quem queria chorar que fosse para casa... (quase que fui)


Clarice, antes de tudo, como vai você? Ou antes ainda, como fica você? Porque você por dentro não vai bem não, Clarice Lispector, você por três vezes já se esqueceu de sorrir quando era preciso.



Só temos a oração e o amor. A oração humilde de cada noite, da ave-maria e do padre-nosso repetido muitas vezes, já decorado e sem sentido.



O que você deve ter não é um problema, mas muitos problemas, que podem ser horríveis, mas são muitos, portando não são você, apenas te prendem - e eu gostaria mesmo que você pudesse abrir seu coração e se liberta, Clarice. Creio muito em você, tanto quando às vezes em mim mesmo.


Volte a escrever, Clarice, quero você muito feiz e isso me faz bem. Suas cartas e minhas respostas me fazem bem.



Eu tinha tanta vontade de ser um fantasma arrepiado e ficar atrás das pessoas que estão pensando junto de uma mesa e soprar um ânimo, uma palavra.



Não quero mais falar, tudo isso é horrível e pesado. Quem me mandou escrever para você e você responder? Tem certas coisas que é melhor que a gente nunca tenha oportunidade de dizer, certas coisas que ficam fatais.



A gente sofre muito: o que é preciso é sofrer bem, com discernimento, com classe, com serenidade de quem já é iniciado no sofrimento.



Sinto falta de você ue sabe dizer coisas tão boas que anima e põe a pessoa de novo no centro das coisas.



Não gosto que me vejam assim, embora se trate de lágrima bem-comportada, de lágrima de artista de segundo plano, sem permissão do diretor para arrumar os cabelos...




Espero que tenham gostado! Se chegou até aqui tem que me contar nos comentários se já conhece o livro ou se já viu alguma dessas citações!! 

Vejo vocês na próxima postagem, beijos ❤️

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