Oi gente, tudo bom? Não sei se muitos sabem mas eu comecei a estudar Psicologia e ultimamente os professores veem pedindo para ler tantos livros! Ontem mesmo eu terminei de ler esse da Cultura: um conceito antropológico da matéria de Antropologia e Sociedade e resolvi deixar aqui no blog uma resenha sobre para quem estiver interessado no assunto :).
Então vamos saber um pouco sobre esse artigo?
Ficha técnica:
Autor: Roque de Barros Laraia
Editora: Zahar
Número de páginas: 108
Gênero: Cultura, Antropologia
Sinopse: Numa linguagem didática, fluente e agradável, este livro introduz o leitor ao conceito de cultura. Dividido em duas partes, traz na primeira um breve histórico do desenvolvimento do conceito de cultura, desde os iluministas até os autores modernos. Na segunda parte, aborda a influência da cultura e seu peso na diversificação da humanidade.
Sobre a obra:
Como o livro é dividido entre duas partes, primeiro falarei da primeira que se refere ao conceito do que é cultura dentro do âmbito antropológico. Logo de inicio, a obra aplica alguns pensamentos de filósofos que tentavam explicar e compreender os diferentes comportamentos do ser humano, a partir de variações dos ambientes físicos. Porém, esses argumentos foram incapazes de resolver esse questionamento do por quê indivíduos de lugares distintos ou indivíduos que moravam em um determinado local possuíam comportamentos e crenças completamente diferentes.
"A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados" - Confúncio
"Na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra." - Montaigne
Após ler algumas explicações de alguns filósofos me veio um questionamento que fiz para mim mesma e quem está lendo agora possa fazer também. Com essa abordagem, consegui entender melhor o conceito do etnocentrismo veja:
⤷ Pergunta: Se pudesse escolher de todos os costumes do mundo somente um para fazer parte, qual seria? E por que?
De acordo com Heródoto, escolheríamos os nossos próprios costumes pois estaríamos convencidos que são melhores que os outros, entretanto o filósofo está utilizando uma linha de pensamento etnocêntrica, apesar de negar em seus relatos (explicação dada pelo livro).
PRIMEIRA PARTE: Da natureza da cultura ou da natureza à cultura |
Muitos se questionavam se a razão do comportamento do ser humano estava ligada a um determinismo biológico ou geográfico, e isso durou por muitos anos, uns achavam que a população de determinado lugar de região fria era mais inteligente que as de regiões quentes, que eram mais trabalhadoras, perversas e por aí vai. Mas, nenhum desses fundamentos deram certo. Por outro lado tentavam também determinar o comportamento por meio da natureza do corpo humano, mas Felix Keesing interveio com essa ideia tempos depois:
"Não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado" - Feliz Keesing
Ou seja, como é explicado no livro, o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado de um processo chamado de endoculturação. Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.
Bem no final do século XVIII, ainda não se existia um termo específico para a cultura, utilizavam-se o termo germânico Kultur, que simboliza todos os aspectos espirituais de uma comunidade, bem como utilizavam a palavra de origem francesa Civilization para referir-se às realizações materiais de um povo. Foi Edward Tylor que sintetizou os termos no vocábulo inglês "Culture" que significa 'tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.' Após ele, vários outros pensadores tentaram expandir o conceito de cultura mas só gerou confusão.
➞ "Nós nos diferenciamos dos outros animais por sermos dotados de cultura".
É importante ressaltar que o etnocentrismo e a ciência andavam juntas na década de 60 no século XIX, e por conta disto tinham uma ideia (Tylor, por exemplo) que a cultura era uniforme, e que era de se esperar que cada sociedade percorresse as etapas de um grupo mais avançado, assim fazendo uma classificação hierárquica.
Além da contribuição do conceito de cultura por Tylor, outros pensadores como Franz Boas e Kroeber ajudaram a ampliar esse conhecimento. Ao decorrer dos anos, Boas chegou a desenvolver o famoso particularismo histórico, segundo a qual cada cultura segue seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos que enfrentou.
"São as investigações históricas o que convém para descobrir a origem deste ou daquele traço cultural e para interpretar a maneira pela qual toma lugar num dado conjunto sociocultural." - Franz Boas
Por fim, desta primeira parte, o autor explica que para se ter uma compreensão exata do conceito de cultura é necessário a compreensão da própria natureza humana, deixando uma frase de Murdock onde diz:
"Os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento."
SEGUNDA PARTE: Como opera a cultura |
Esta segunda parte, apresenta como a cultura atua na vida do indivíduo, tendo uma grande importância na sua rotina diária. É perceptível que, o homem tem vivido grande parte da sua história separado em pequenos grupos, cada um com a sua linguagem, costumes, crenças, expectativas e visões de mundo completamente diferente uma das outras. E isso tudo equivale a cultura, e nós temos cultivado essa herança cultural até os dias de hoje. Ou seja, toda a visão de mundo e comportamento do individuo em determinada situação está relacionada a sua cultura local.
Nosso modo de vestir, pensar, agir em determinadas ocasiões, de festejar, de julgar são partes da cultura, e a partir desta observação é possível diferenciar uma cultura da outra, como por exemplo a cultura brasileira da cultura japonesa, em um show os brasileiros normalmente cantam as músicas e ficam bem animados gritando e tudo mais já os japoneses são mais calados e fechados, curtindo o show sentado etc. Essa diferença de comportamento se da a distinta visão de mundo, história e costumes (cultura).
Em alguns casos, pode haver a apatia, onde em uma situação os membros da cultura abandonam a crença nesses valores e perdem a motivação que os mantém unidos e vivos. Um exemplo deste fato é quando traziam nos navios escravos africanos para determinado país onde não conheciam nada, e alguns acabavam se suicidando.
➞ A cultura interfere não só nas necessidades fisiológicas básicas, mas também nos aspectos biológicos como o ato de comer em determinada hora do dia ou de curar doenças reais. A participação do individuo em sua cultura é sempre limitada nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura, como exemplo uma criança não pode realizar as tarefas de um adulto.
Concluindo, todo sistema cultural tem sua própria lógica, e a coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence. Onde cada cultura carrega uma herança histórica e comportamental, com uma visão de mundo que determinará ser modo de viver e entender as coisas.
Crítica:
O livro faz uma abordagem muito boa sobre o tema proposto, e para quem está começando a estudar é muito indicado a leitura desta obra para se ter um maior compreendimento do que será proposto na aula. Para mim funcionou, eu consegui entender mais um pouco de como funciona a cultura na vida do ser humano e como ela começou a surgir, além de como a antropologia entra no assunto.
É isto gente :) Espero que tenham gostado, e digam aqui nos comentários o que achou da postagem se serviu ou não para você ou se é preciso acrescentar mais alguma coisa. Não deixe de segui o blog nas redes sociais, no twitter e no instagram, lá eu digo quando uma nova postagem saíra e interajo um pouco. Vejo vocês na próximo post!