Normalmente sou o tipo de leitora que fica
antenada nos lançamentos e quando entro em uma livraria já tenho a intenção de
comprar determinado livro, fico a procura dele e somente dou uma “passada de
olho” nos demais e por fim vou embora. Porém, como esse ano eu fiquei por fora
de tudo e não estava lendo quase nada, queria arranjar algum jeito de trazer de
volta a sensação de encontrar um livro legal e querer ler, como acontecia
quando era criança.
E claro, o primeiro que me chamou atenção foi
Chibineko:
O restaurante das memórias inesquecíveis, fiquei rodando a livraria
toda com meu pai e com o livro no braço esperando que algum outro pudesse substituí-lo,
o que não aconteceu! Quase que pegava um romance chamado Playlist para um final feliz, mas pensei melhor e voltei atrás. Não
estou mais para romances.
Mas enfim, vamos logo saber sobre o que esse
livro trata?
Aqui, enquanto se desfruta de uma refeição especial, uma pessoa falecida pode voltar para um último encontro.
É uma manhã ensolarada quando a jovem Kotoko visita a pequena cidade à beira-mar. Seguindo um caminho de conchas brancas ela chega ao Chibineko.
Ainda se recuperando da morte repentina do irmão, Kotoko está decidida a acreditar no impossível.
Sentando-se no restaurante comandado por Kai e pelo esperto gatinho Chibi, ela hesita, pensando em como foi tola de esperar um milagre.
Mas só até começar a comer...
Neste livro terno e acolhedor, a vida de Kotoko se entrelaça sutilmente com a de outros personagens, todos lidando com o luto – um garotinho que perdeu seu primeiro amor, um velho fazendeiro que se prepara para se juntar à esposa, um jovem que perdeu a mãe e precisa aprender a seguir sem ela.
Estou contente que o gênero “Healing Fiction” está em crescimento
aqui no Brasil, e muitas editoras estão constantemente lançando livros que
apresentam esse estilo de narrativa. Como é o caso de Chibineko que
originalmente foi publicado em 2010 e somente em Novembro de 2024 que foi
traduzido para o Brasil pela Editora Arqueiro!
Esse é um gênero que eu já gostava só que nem
sabia que existia um nome para isso!
Agora o que me diriam se pudesse ir a um
restaurante, ter uma refeição afetiva e de repente haver uma oportunidade, em
poucos minutos, de uma última conversa com seu ente querido? Como se sentiria?
O que falaria para essa pessoa? Bom, essa é a proposta do livro.
O escritor Yuta Takahashi convida seus
leitores a uma jornada de reflexão, autoconhecimento, perda, sentimento de
vazio, luto incessante, sonhos e também recomeços. Apesar de trazer em seu entorno
aspectos da morte e como lidar com esses sentimentos, é uma leitura confortável
e agradável, com certeza em alguns momentos vamos nos identificar com os
personagens seja na maneira de se sentir culpado pelo que aconteceu, por querer
desistir de tudo e não ter vontade de viver, pela tristeza constante e dor que
permanecem no coração, bem como a ideia de que o mundo continua girando e temos
que retornar para os afazeres da vida, como se nada tivesse acontecido, mas sim
aconteceu.
Admito que busquei nesse livro um conforto
para o meu coração, pois nesse ano vivenciei o luto indiretamente e
diretamente, e não foi fácil lidar, diretamente na família, indiretamente relacionado
com amigos, colegas e até na música. A verdade que a cada mês que passava era
uma notícia triste, e me questionei muito a respeito sobre a vida e como tentar
aprender a lidar com esses sentimentos que de princípio bloqueava e aprisionava,
para então libertá-los e chorar o máximo que devia. E é assim, não é?
Essa resenha é mais pela experiência que tive
com o livro do que exatamente da história, o que eu não posso dizer muito.
Apresenta 4 capítulos, e personagens que ao longo do enredo perdem alguém e são
recomendados a irem ao restaurante, a narrativa é fluida e curta, pode até te
deixar com fome pelas descrições das refeições e o menu de como fazer as
comidas. A mensagem do livro tem como foco o processo de lidar com a dor, ser
paciente consigo mesmo, e acima de tudo estar aberto a novos recomeços da vida
e a continuar sonhando, não só por você mas pela pessoa amada que se foi também.
É saber que ela estará ali vivendo em seu coração. E isso é muito bonito.
Mas é claro que esse livro tem alguns
gatilhos, se você não se sente à vontade com a temática do luto, por favor não
leia. Só faça a leitura se realmente estiver ok com isso.
Concluindo por aqui, Chibineko é uma leitura
agradável e de conforto para o coração, é fácil de ler, seus capítulos são
curtos, a narrativa é bem fluida e ainda pude conhecer um pouco da cultura japonesa e sua culinária. De fato não encontrei nenhum ponto negativo
em seu enredo. Não foi meu livro favorito, mas foi uma leitura simples e
aconchegante. Recomendo.
“Com ele, Kotoko, se sentia à vontade para ficar em silêncio.”
“Só se vive uma vez, e não quero ter arrependimentos no futuro”
“Ele sempre esteve ao seu lado. Sempre a ajudou quando ela mais precisava. Dava forças a ela para que não chorasse.”
“Mesmo quando alguém desaparece, o mundo continua a girar. O tempo não para.”
“Você foi meu primeiro amor!... É incrível gostar de alguém e ser correspondido, não é?”
“Quanto maior o sonho que se tem, mais as pessoas o chamam de impossível.”
“Porque ela é seu primeiro amor. E o primeiro amor é inesquecível.”
“A passagem do tempo é cruel, confina tudo ao passado. Mas o tempo também cura feridas.”
“A vida separa as pessoas, não tem jeito. Despedidas sempre acontecem.”
“É melhor agir do que se arrepender depois.”
“Estranhamente, porém, não sente medo. Com Kai ao seu lado, não há por que temer. Só por estarem juntos já se sente segura. Pensa até que poderia continuar andando assim para sempre.”
“Com você eu posso passar a vida sempre sorridente. Eu também amo você, Yoshio.”
“Fui feliz vivendo com você. Pude sorrir o tempo todo. Obrigada de coração. Obrigada por gostar de mim... Eu também amo você. Sou apaixonada por você, Yoshio.”
“As pessoas conseguem sorrir mesmo tristes. É justamente isso, essa capacidade de sorrir para alguém, que nos torna humanos.”
“Ela sempre sorri quando vem ao restaurante. Mesmo quando está triste, no fim se sente feliz e confiante.”
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