Faz um bom tempo que eu vinha prometendo essa
resenha de Kindred – Laços de Sangue e o motivo de ter demorado tanto é que eu
tinha perdido as minhas anotações sobre a história! E aí, fiquei naquele dilema
né... kkkkk
Mas, indo para o que interessa, a postagem de
hoje é para comentar sobre esse clássico da ficção científica escrita por
Octavia e publicado originalmente em 1979. Nesta obra, a autora vai abordar
temas importantíssimos como a escravidão,
o racismo, a desigualdade social e o ódio existente na sociedade até hoje. Octavia
apresenta esse tema com total propriedade e nos mostra o outro lado da
história, abrindo os nossos olhos e nos fazendo refletir.
Não vou mentir, a história é bem pesada! Porém antes de começar a pontuar sobre os elementos deste livro, vamos primeiro conhece-lo?
Dana repentinamente se encontra à beira de uma floresta, próxima a um rio. Uma criança está se afogando e ela corre para salvá-la. Mas, assim que arrasta o menino para fora da água, vê-se diante do cano de uma antiga espingarda. Em um piscar de olhos, ela está de volta a seu novo apartamento, completamente encharcada. É a experiência mais aterrorizante de sua vida... até acontecer de novo. E de novo.
Quanto mais tempo passa no século XIX, numa Maryland pré-Guerra Civil – um lugar perigoso para uma mulher negra –, mais consciente Dana fica de que sua vida pode acabar antes mesmo de ter começado.
Octavia Estelle Butler (1947 – 2006) foi uma escritora afro-americana e
considerada a dama da ficção científica, apresentou questões importantes em
seus livros como o preconceito e racismo.
Comecei esse livro por uma razão: tinha um seminário para apresentar
exclusivamente sobre a história e sobre a escritora Octavia E. Butler. E não
tive nenhum arrependimento de ter iniciado essa leitura por que foi uma das
melhores coisas que fiz esse ano! O quanto essa obra me impressionou, me deu
conhecimentos e me fez abrir os olhos para certas questões sociais, não foi
pouco hein!
É claro que eu já sabia de todo o contexto histórico, da escravidão, do
preconceito que existia e ainda persiste em nossa sociedade, já tinha visto
alguns filmes que mostravam isso, mas sabe gente... Ter lido, foi um sentimento
totalmente diferente, até porque mostra o outro lado da história. Estamos tão
presos nos ideais dos colonizadores, de como foi a situação para eles, como por
exemplo aqui no Brasil com toda a violência e tortura, que é muito difícil a
gente ter a visão de como foi esse sofrimento para eles, a leitura sempre era
muito superficial (nos livros da escola). Entretanto, em Kindred a escritora
transformou meu mundo completamente e apresentou algo que nem eu sabia que
tinha interesse em conhecer. A sua verdadeira história.
Recomendo assistirem “O perigo de uma única história” uma palestra da
Chimamanda
Como abordei no início, a obra apresenta temas pesados e antes de
começar eu pensava que seria complicado ler mas foi totalmente o contrário! O
vocabulário é fácil e a leitura fluiu muito bem, ainda mais pela divisão do
livro em 8 partes e cada uma delas com capítulos curtos, fazendo com que eu
tivesse uma percepção de que o enredo estava caminhando.
Agora partindo para os pontos positivos e negativos, na verdade eu já
citei bastante os pontos positivos que são as críticas que a escritora faz em
volta do poder, do preconceito e eu encontrei isso implícito quando ao longo da
história a Dana (personagem principal) acaba não sendo mais a protagonista da
sua própria vida, e tudo ao seu redor é baseado no menino Rufus e na sua
família perversa, foi como se a Dana se tornasse uma figurante, isso foi algo
muito louco! O segundo elemento que encontrei como crítica da autora foi a
relação do Kevin e Dana quando viajaram no tempo, mostrando que o Kevin não
sofre nem a metade do que a protagonista. Isso foi algo realmente a se pensar,
os dois sabiam ler e eram inteligentes mas essa diferença da cor e do gênero
foi algo que modificou o rumo de cada um.
Já sobre os pontos negativos, o primeiro fator que percebi é que a
história começou a ficar repetitiva na metade da obra, entre as idas e voltas
da Dana e isso fez com que a leitura começasse a ficar um pouco exaustiva e eu
me perguntava que rumo tudo aquilo iria levar. O segundo fator que observei foi
que a escritora não explorou sobre o universo das viagens no tempo, PRINCIPALMENTE
sobre o PORQUE e COMO a Dana viajava para o passado. Fiquei a história inteira
esperando pelas respostas e explicações sobre isso e no final não encontrei
nada! Foi uma decepção total sinceramente. Entendo o foco da autora, mas era
necessário alguma explicação do que ela apresentou bem no começo do livro. O
final é surpreendente de fato, mas por não ter explicações, a história ficou como
uma montanha russa, atingiu um ponto alto mas logo em seguida foi para baixo,
por não ter respondido o que foi apresentado e que era o elemento principal.
No geral, foi um bom livro, aprendi muito com ele e recomendo para
vocês! A única coisa que fez ele perder pontos comigo, foi justamente esse
final que não foi explicado, eu relevo até a repetição dos acontecimentos entre
as idas e voltas que algumas vezes foram desnecessárias, porém esperava mais
deste término. Apesar de tudo, vale a pena ler!
“A possibilidade de encontrar um adulto branco me assustava mais do que a possibilidade de enfrentar a violência urbana da minha época.”
“Mas não havia ficado perto e sentido o cheiro do suor nem ouvido as súplicas e as orações das pessoas humilhadas diante de suas famílias e de si mesmas. “
“Kevin, você não precisa bater nas pessoas para trata-las com brutalidade.”
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