Nossa finalmente! Meu jeito
de dizer adeus a um livro é escrevendo resenhas para o blog e eu estava
agoniada faz uma semana querendo postar logo só que fiquei tão nervosa com as
coisas da faculdade que não consegui escrever nadinha por aqui (inclusive acabei
postergando algumas postagens).
Enfim, quem acompanha o blog
pelo Twitter e Instagram sabe que eu estava lendo o livro Ensaio sobre a
Cegueira de José Saramago que me trouxe um mix de sentimentos e questões para
refletir. Foi uma leitura diferente e inovadora.
Comecei o livro por conta de um seminário na faculdade.
Por meio de um sorteio, eu peguei Ensaio sobre a Cegueira como tema e precisaria
abordar todas as questões da visão e comportamento dos personagens. Admito que
eu fiquei um pouco assustada, pois minha primeira experiência com os livros de
José Saramago não foi tão boa assim. Ano passado eu tentei ler o livro A
Jangada de Pedra mas acabei largando porque não conseguia entender nada kkkk.
Apesar de tudo, tentei manter um pensamento positivo e
iniciei minha leitura. Minhas primeiras impressões foram de surpresa e confusão
pela narrativa deixar todos os componentes juntos, sem sinalizações como
travessão (-) ou aspas(“”) para diálogos e sem uso de pontuações da maneira
correta para compreendermos qual era a narrativa,
qual era o pensamento do personagem e qual daquelas frases era uma fala.
Sem contar que os parágrafos eram longos e traziam um
pouco do traço da oralidade. Utilizando apenas pontos e vírgulas. Então imagine
só! Mas a minha surpresa foi que mesmo com todos esses fatores que poderiam me
deixar meio desmotivada com a história, a leitura fluiu super bem! Graças a
Deus!
A medida que eu lia, me perguntava como surgiu a cegueira branca, qual
seria a crítica por trás e por que a mulher do médico era a única que enxergava
ali. E já na metade do livro fui percebendo que os personagens não apresentavam
uma característica individual e não tinham nomes, parecia que eles
representavam um coletivo de certos grupos sociais que exerciam x papel na
sociedade, e eu achei isso incrível! Como por exemplo, o médico, a prostituta,
o ladrão, etc
Ao finalizar a obra, e refletir um pouco sobre as
situações que ocorreram e pesquisa mais a fundo sobre o escritor, eu cheguei à
conclusão de que Ensaio sobre a Cegueira traz um enfoque e uma crítica imensa
por trás da sua história e dos seus personagens. As relações humanas são de
grande destaque, com todo esse antropocentrismo e pondo em cenário personagens
completamente distintos se unindo e criando laços. Além da crítica ao descaso
do governo e da população com os problemas sociais, trazendo um novo estilo de
vida e um novo olhar.
Essa história realmente me fez parar para questionar e
analisar algumas coisas, principalmente porque ele traz como cenário de fundo a
pandemia, e vivemos essa pandemia também. O mais engraçado é que as críticas
trazidas no livro continuam sendo tão atuais em questão da miséria, fome,
injustiça e descaso com a população. Mas também pelo lado da sociedade que por
vezes fecha os olhos para o que acontece ao redor.
Sendo sincera com vocês, não foi uma leitura fácil, não pela escrita mas pela trama mesmo, José Saramago consegue entregar muito bem através das palavras todo o sentimento de solidão, angustia e desespero, e ainda de quebra nos faz pensar um monte! Porém o que me pegou mesmo foi as cenas de assédio sexual (estupro), como o autor descreve perfeitamente toda a situação que ocorre entre os personagens, com a fome e com a incerteza do futuro, ele trás também essa descrição para essas cenas que me assustaram, não esperava por isso. Então alerta aqui! O livro contém cenas de assédio sexual e se não me engano tem suicídio também!
“Na verdade, os olhos
não são mais do que umas lentes, umas objectivas, o cérebro é que realmente vê.”
“Todos temos os
nossos momentos de fraqueza, ainda o que nos vale é sermos capazes de chorar, o
choro muitas vezes é uma salvação, há ocasiões em que morreríamos se não
chorássemos.”
“O medo cega... O
medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos.”
“Lutar foi sempre,
mais ou menos, uma forma de cegueira.”
“Mas o que penso é
que já estamos mortos, estamos cegos porque estamos mortos, ou então, se
preferes que diga isto doutra maneira, estamos mortos porque estamos cegos, dá
no mesmo.”
“Hoje é hoje, amanhã
será amanhã, é hoje que tenho a responsabilidade, não amanhã.”
“Ainda estava neste
balanço entre a curiosidade e a discrição quando a mulher fez a pergunta
directa, Como se chama, Os cegos não precisam de nome, eu sou esta voz que
tenho, o resto não é importante, Mas escreveu livros, e esses livros levam o
seu nome, disse a mulher do médico, Agora ninguém os pode ler, portanto é como
se não existissem.”
“As imagens não veem,
Engano teu, as imagens veem com os olhos que as veem, só agora a cegueira é
para todos.”
“Penso que não
cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem.”
Eu finalizo por aqui! Espero que tenham gostado da resenha, se já leu Ensaio sobre a Cegueira ou pretende ler no futuro me conta nos comentários! Vejo vocês no próximo post!
Para ver as próximas postagens do blog é só acessar a agenda. Beijos e até a próxima! 💙
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