Resenha | Ensaio sobre a Cegueira

18 julho 2022


Nossa finalmente! Meu jeito de dizer adeus a um livro é escrevendo resenhas para o blog e eu estava agoniada faz uma semana querendo postar logo só que fiquei tão nervosa com as coisas da faculdade que não consegui escrever nadinha por aqui (inclusive acabei postergando algumas postagens).

Enfim, quem acompanha o blog pelo Twitter e Instagram sabe que eu estava lendo o livro Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago que me trouxe um mix de sentimentos e questões para refletir. Foi uma leitura diferente e inovadora.

Mas antes de tudo vamos conhecer a obra?




Ficha técnica:
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Sinopse: Uma terrível ""treva branca"" vai deixando cegos, um a um, os habitantes de uma cidade. Com essa fantasia aterradora, Saramago nos obriga fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu.

Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma ""treva branca"" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.
Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar ""a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam"". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: ""uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos"".


Autor: José Saramago

Editora: Companhia das Letras

Ano: 1995

Número de páginas: 312

Gênero: ficção, romance

Estrutura do livro: não tem capítulos



Crítica:
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Comecei o livro por conta de um seminário na faculdade. Por meio de um sorteio, eu peguei Ensaio sobre a Cegueira como tema e precisaria abordar todas as questões da visão e comportamento dos personagens. Admito que eu fiquei um pouco assustada, pois minha primeira experiência com os livros de José Saramago não foi tão boa assim. Ano passado eu tentei ler o livro A Jangada de Pedra mas acabei largando porque não conseguia entender nada kkkk.

Apesar de tudo, tentei manter um pensamento positivo e iniciei minha leitura. Minhas primeiras impressões foram de surpresa e confusão pela narrativa deixar todos os componentes juntos, sem sinalizações como travessão (-) ou aspas(“”) para diálogos e sem uso de pontuações da maneira correta para compreendermos qual era a narrativa, qual era o pensamento do personagem e qual daquelas frases era uma fala.



Sem contar que os parágrafos eram longos e traziam um pouco do traço da oralidade. Utilizando apenas pontos e vírgulas. Então imagine só! Mas a minha surpresa foi que mesmo com todos esses fatores que poderiam me deixar meio desmotivada com a história, a leitura fluiu super bem! Graças a Deus!

A medida que eu lia, me perguntava como surgiu a cegueira branca, qual seria a crítica por trás e por que a mulher do médico era a única que enxergava ali. E já na metade do livro fui percebendo que os personagens não apresentavam uma característica individual e não tinham nomes, parecia que eles representavam um coletivo de certos grupos sociais que exerciam x papel na sociedade, e eu achei isso incrível! Como por exemplo, o médico, a prostituta, o ladrão, etc

Ao finalizar a obra, e refletir um pouco sobre as situações que ocorreram e pesquisa mais a fundo sobre o escritor, eu cheguei à conclusão de que Ensaio sobre a Cegueira traz um enfoque e uma crítica imensa por trás da sua história e dos seus personagens. As relações humanas são de grande destaque, com todo esse antropocentrismo e pondo em cenário personagens completamente distintos se unindo e criando laços. Além da crítica ao descaso do governo e da população com os problemas sociais, trazendo um novo estilo de vida e um novo olhar.



Essa história realmente me fez parar para questionar e analisar algumas coisas, principalmente porque ele traz como cenário de fundo a pandemia, e vivemos essa pandemia também. O mais engraçado é que as críticas trazidas no livro continuam sendo tão atuais em questão da miséria, fome, injustiça e descaso com a população. Mas também pelo lado da sociedade que por vezes fecha os olhos para o que acontece ao redor.

Sendo sincera com vocês, não foi uma leitura fácil, não pela escrita mas pela trama mesmo, José Saramago consegue entregar muito bem através das palavras todo o sentimento de solidão, angustia e desespero, e ainda de quebra nos faz pensar um monte! Porém o que me pegou mesmo foi as cenas de assédio sexual (estupro), como o autor descreve perfeitamente toda a situação que ocorre entre os personagens, com a fome e com a incerteza do futuro, ele trás também essa descrição para essas cenas que me assustaram, não esperava por isso. Então alerta aqui! O livro contém cenas de assédio sexual e se não me engano tem suicídio também!

No geral, foi uma leitura interessante e satisfatória, apesar da trama ser pesada, eu pude compreender e minhas impressões sobre a história do inicio até o final tiveram muitas mudanças. É um livro e tanto! 



Frases:
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“Na verdade, os olhos não são mais do que umas lentes, umas objectivas, o cérebro é que realmente vê.”

 

“Todos temos os nossos momentos de fraqueza, ainda o que nos vale é sermos capazes de chorar, o choro muitas vezes é uma salvação, há ocasiões em que morreríamos se não chorássemos.”

 

“O medo cega... O medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos.”

 

“Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira.”

 

“Mas o que penso é que já estamos mortos, estamos cegos porque estamos mortos, ou então, se preferes que diga isto doutra maneira, estamos mortos porque estamos cegos, dá no mesmo.”

 

“Hoje é hoje, amanhã será amanhã, é hoje que tenho a responsabilidade, não amanhã.”

 

“Ainda estava neste balanço entre a curiosidade e a discrição quando a mulher fez a pergunta directa, Como se chama, Os cegos não precisam de nome, eu sou esta voz que tenho, o resto não é importante, Mas escreveu livros, e esses livros levam o seu nome, disse a mulher do médico, Agora ninguém os pode ler, portanto é como se não existissem.”

 

“As imagens não veem, Engano teu, as imagens veem com os olhos que as veem, só agora a cegueira é para todos.”

 

“Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem.”




Eu finalizo por aqui! Espero que tenham gostado da resenha, se já leu Ensaio sobre a Cegueira ou pretende ler no futuro me conta nos comentários! Vejo vocês no próximo post!  

Para ver as próximas postagens do blog é só acessar a agenda. Beijos e até a próxima! 💙

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